Dia de anos

Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse…
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado…
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal: por que os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa; que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia n’essa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

Despedidas

Há cerca de um ano preparava-me para me despedir da Guiné-Bissau. E despedir-me da Guiné era despedir-me de gente que me marcou, que me fez feliz e que me voltou a fazer sentir LIVRE. Custou. Qualquer coisa era motivo para que sentisse aquele aperto e as lágrimas teimassem em ganhar vida...

Passado um ano, continuo a ter pelas gentes da Guiné a mesma admiração e carinho que fui construindo durante os três anos lectivos que lá permaneci.

Sei que alguns vão dizer agora um "adeus" à Guiné e sei que lhes vai custar muito. Vai custar porque sentiram a Guiné, lutaram diariamente por aquele país e aquelas pessoas.E porque acreditaram sempre que era possível... E vai ser!

É bom sentir saudades!!!

Beijinhos para os que vêm e força. Uma certeza podem ter: trazem a Guiné no coração e isso é para sempre!

Força PASEG, força Guiné-Bissau!!!!

Sonho...

Às vezes, em sonho triste
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.

Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.

O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.

Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.

Além...Tejo

Cegonhas