segunda-feira, 25 de maio de 2009

Os nossos sítios




Caminhos

Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

In Machado, Antonio. Poesías completas. 14ª ed. Madrid

Visitem:
http://caminhosmundi.blogspot.com/

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Que seria de nós, professores, sem manual de instruções


Leiam o Manual do Aplicador das Provas de Aferição.

Um documento imperdível, útil, uma verdadeira revolução no Ensino.

Deixo aqui um bocadinho desta pérola. Mas, atenção!, nada de decorar as regras.

"A partir daqui, siga cuidadosamente os procedimentos descritos no
Guião de Aplicação de cada prova.
Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las
exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste Manual."

Se os alunos não perceberem..., temos pena!!! "Estou a ser claro(a)?"

Já agora, leiam aqui.

quarta-feira, 13 de maio de 2009


Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Livro do Desassossego de Bernardo Soares (Vol.I)Fernando Pessoa.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

domingo, 10 de maio de 2009

Assim anda a nossa Língua

Alevantar
O acto de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'.

Amandar
O acto de atirar com força: 'O guarda-redes amandou a bola para bem longe'

Aspergic
Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.

Assentar
O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento.

Capom
Porta de motor de carros que quando se fecha faz POM!

Destrocar
Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.

Disvorciada
Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.

É assim...
Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.

Entropeçar
Tropeçar duas vezes seguidas.

Êros
Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.

Falastes, dissestes...
Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele falou, TU FALASTES..

Fracturação
O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial.
Casa que não fractura... não predura.

Há-des
Verbo 'haver' na 2ª pessoa do singular: 'Eu hei-de cá vir um dia; tu há-des cá vir um dia...'

Inclusiver
Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu inclusiver acho esta palavra muita gira. Também existe a variante 'Inclusivel'.


A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?

Númaro
Também com a vertente 'númbaro'. Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!

Parteleira
Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.

Perssunal
O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex.: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.

Pitaxio
Aperitivo da classe do 'mindoím'.

Prontus
Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem.

Quaise
Também é uma palavra muito apreciada pelos nossos
pseudo-intelectuais... Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.

Stander
Local de venda. A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis. O 'stander' é um dos grandes clássicos do 'português da cromagem'...

Tipo
Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo.
É assim... tipo, tás a ver?

Treuze
Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.

Ser professor

Ontem estive na apresentação do livro de uma colega cá da Escola. O livro intitula-se Pedaços D'Alma, foi publicado pela Temas Originais, uma editora recente, e é uma daqueles livros imperdíveis. Trata-se de um conjunto de poemas, escritos de forma simples e sincera. Lindo!!!
Deixo-vos aqui um dos poema que dei a conhecer na Guiné-Bissau aos professores a quem dei formação. Nunca imaginei que um dia iria conhecer a autora. Quando o encontrei na net pensei: "É isto. Ser professor é isto!"
Parabéns, Sandra. Fico à espera de mais poemas assim.


Ser professor

Gosto de ser Professora.
Apesar de tudo, apesar de todos foi a profissão que escolhi e que me orgulho de ter.
Gosto de aprender e ensinar e é neste devir constante, nesta relação permanente, que sinto a magia desta Profissão (que tem vindo ser tão desrespeitada pela sociedade em geral e pelos governos em particular).
E continuo a sorrir, a cada dia que chega, a cada semana que torna a cada ano que (nunca) se repete, apesar do cansaço e do stress que vão ficando acumulados com o tempo que vai passando.
As razões deste Sorrir?
São três.
A Primeira;
A Única;
E Última, são os Alunos.
Os meus Alunos.
Sois, definitivamente, a Razão do meu sorrir.
Ser Professor é um desafio.
À vontade e à motivação.
Ser Professor é acreditar...
... Na Força dos jovens e nas suas capacidades.
Ser Professor é querer...
... Ajudar na formação e educação dos jovens de Hoje mas Homens de Amanhã.
Ser Professor é ser amigo...
... Que apoia incondicionalmente mas que critica construtivamente quando há erro.
Ser Professor é ser bombeiro...
... Do fogo cruzado dos afectos e das emoções que Todos condiciona sem excepção.
Ser Professor é ouvir...
... O silêncio de um olhar, o barulho de uma lágrima, a alegria de um sorriso ou o calor de um abraço.
Ser Professor é observar...
... Perscrutar atitudes, ler nas entrelinhas, olhar e ver para além do que os olhos alcançam.
Ser Professor é estar.
Disponível para um sorriso e estendendo a mão e dizer “estou aqui”;
Ser Professor é construir e reconstruir...
... Construir alicerces para a vida e reconstruir os caminhos perdidos.
Ser Professor é Ser.
Apenas isso.
É o que tento.
Todos os dias.
Um de cada vez.
Aprendendo e Ensinando;
Sorrindo;
Desafiando;
creditando;
Querendo;
Dando a mão;
Apagando fogos;
Ouvindo;
Abraçando;
Observando;
Estando;
Construindo e reconstruindo;
Sendo Eu própria.
Sempre!!!!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bullying

Só me faltava esta...
O bullying tem dado comigo em louca...
"BULLYING EM PORTUGAL: O QUE SE PASSA NAS ESCOLAS?

O bullying na escola define-se do seguinte modo: "um aluno está a ser provocado/vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da parte de uma ou mais pessoas" (Olweus, 1993) Considera-se uma acção negativa quando alguém intencionalmente causa, ou tenta causar, danos ou mal-estar a outra pessoa. Esse repetido importunar pode ser físico, verbal, psicológico e /ou sexual.
Devido às consequências e efeitos negativos destes comportamentos para o desenvolvimento e para a saúde mental, é de extrema importância que as escolas não neguem que o problema existe e que se dissipe a noção, de pais e educadores, de que este tipo de comportamento é uma parte normal do crescimento. Isto também porque a liberdade do medo do não é suficiente para assegurar uma aprendizagem com sucesso mas é uma condição necessária para a aprendizagem eficaz.
Em Portugal, têm sido feitos vários estudos sobre a problemática do bullying. Estes envolvem aspectos como a tradução da palavra “bullying” para português”, a observação dos comportamentos de bullying nos recreios, a caracterização das vítimas, dos agressores e das vítimas-agressoras e a prevalência deste tipo de comportamentos e a sua monitorização a nível nacional.
Nas investigações com amostras nacionais representativas (Carvalhosa, Lima e Matos, 2001; Carvalhosa e Matos, 2004) verificou-se que, em 1998, 42.5% dos alunos entre os 11 e os 16 anos de idade relataram nunca se terem envolvido em comportamentos de bullying, 10.2% afirmaram serem agressores (uma vez ou mais, no último período escolar), 21.4% referiram serem vítimas (uma vez ou mais, no último período escolar) e 25.9% eram simultaneamente vítimas e agressores. Já em 2004, verificou-se que 41.3% dos alunos nunca se envolveram em comportamentos de bullying, 9.4% são agressores, 22.1% são vítimas e 27.2% são tanto vítimas como agressores. Pode-se assim concluir que em Portugal, existem taxas elevadas de comportamentos de bullying, nas escolas.
Para a vitimação e para a provocação, os comportamentos mais referenciados são o “gozar, chamar nomes, fazer troça”, “dizer mentiras, espalhar boatos”, “fazer comentários ou gestos ordinários e/ou piadas sexuais” e “excluir, deixar de fora de actividades de propósito” (Carvalhosa e Matos, 2005). Num estudo comparativo sobre a evolucão do fenómeno em Portugal, verificou-se que a frequência dos comportamentos de vitimação e de provocação, uma vez por semana ou mais, aumentaram nos últimos anos nas escolas Portuguesas (Carvalhosa e Matos, 2004). Nas escolas estes fenómenos são muitas vezes despercebidos na sua verdadeira extensão e expressão.
Ainda destacamos:
• dos alunos portugueses entre os 10 e os 18 anos, 23.5% estão envolvidos em comportamentos de bullying, 2 a 3 vezes por mês ou mais, ou seja, 1 em cada 4 alunos.
• os rapazes envolvem-se mais em comportamentos de bullying na escola, quer como agressores, quer como vítimas, quer com duplo envolvimento (simultaneamente agressores e vítimas);
• o envolvimento em comportamentos de bullying parece ter um pico aos 13 anos, embora os mais novos (11 anos) se envolvam mais, enquanto vítimas;
• nos últimos anos, verificou-se um aumento na frequência de bullying, uma vez por semana ou mais, quer em relação a provocar os outros quer em relação a ser vítima.

SUPORTE SOCIAL

O suporte social é considerado um factor protector para o envolvimento em comportamentos de bullying. Através de utilização de modelos de equações estruturais, uma análise factorial confirmatória revelou que os modelos dos 2 factores correlacionados (Suporte dos Amigos e da Família; Suporte dos Colegas e dos Professores) se ajustam aos dados (CFI de 0.95 e de 0.94) (Carvalhosa, Oddrun, Hetland, submetido a). Os resultados indicam que na escola, as vítimas e as vítimas-agressoras recebem menos suporte dos colegas e os agressores recebem menos suporte dos professores; fora da escola, as vitimas tem menos suporte dos amigos. Podemos concluir que diferentes padrões de suporte social, dentro e fora da escola, foram encontrados para as vitimas, os agressores e as vítimas-agressoras. Estes resultados podem guiar o desenvolvimento de intervenções para a prevenção do bullying. "
Susana Fonseca Carvalhosa, Seminário “Violência, Bullying e Agressividade em Contextos de Formação”

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

domingo, 3 de maio de 2009