sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Rosas


Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?

Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...

Fernando Pessoa

2 comentários:

S. G. disse...

já cá fazia falta uma boa selecção das tuas. beijinho, boas férias e se não nos virmos boas entradas.

No bai disse...

Obrigada :-)

Beijinho